Recentemente acabei de ler um livro bastante interessante, Filhos do céu: entre o vazio, luz e matéria. Trata-se de um diálogo entre o astrofísico Michel Cassé e o pensador Edgar Morin que perpassa a astrofísica e a cosmologia – ramo da ciência que estuda a origem, estruturação e o futuro do universo. A astrofísica e cosmologia são como que uma arqueologia e história do cosmos.
Nessa conversa os autores conseguem com uma linguagem acessível e poética levar o leitor para grandes questões que as descobertas científicas trazem para o destino da epopeia humana na Terra e a necessidade de religar os saberes da cultura científica e das humanidades para um reencantamento da ciência.
Aos que se interessarem ficam aqui alguns fragmentos dessa leitura:
No mito grego, Caos encontra-se na origem do cosmo; Caos não é a desordem, mas a união indiferenciada e genéstica das forças da ordem, desordem e organização. (2008: 10)
Originalmente, nosso cérebro desenvolveu-se para responder aos nossos problemas práticos e não para compreender o universo do qual se originou, mas desenvolveu-se, também, para questionar-se e tentar compreendê-lo. (2008: 14-15)
Fala-se de expansão do universo, mas, na realidade, trata-se de uma dilatação em grande escala do espaço. (2008: 23)
[…] a luz não é a primeira coisa que ocorreu. Ela teria sido precedida por uma forma à qual poderíamos dar o nome de vazio, mas um vazio paradoxal, pleno de todos os nascimentos e de todas as energias, um vazio que somente a mecânica quantia é capaz de descrever e que poderia ser comparado a uma agência de comunicação e relações públicas. (2008: 30)
[…] a desordem é uma ordem oculta. (2008: 49)
[…] a descoberta dos limites da Razão pura não esgota o desejo de metafísica, mas confronta-o a necessidade de limites. (2008: 58-59)
[…] o que diferencia a vida da não vida é a organização. (2008: 61)
Mailson Cabral
CASSÉ, Michel; MORIN, Edgar. Filhos do céu; entre o céu, o vazio e a matéria. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2008.